Sobre Redundância e Nuvens

E por que esses são conceitos que não deveriam ser ensinados apenas a quem “manja de computador”.

Mateus M.
4 min readSep 10, 2020
Photo by Markus Spiske on Unsplash

Não é novidade alguma que as pessoas armazenam suas vidas em seus dispositivos eletrônicos, sejam eles celulares, computadores, ou tablets. Também não é novidade alguma ouvir de alguém que um deles deu problema e parou de funcionar, levando embora tudo o que tinha dentro. Celular parou de funcionar? Lá se vão as fotos, músicas e aplicativos salvos. HD do computador morreu? Lá se vão as mesmas coisas, e também muito provavelmente trabalhos importantes da faculdade, da empresa, ou mesmo projetos pessoais. De qualquer forma, não é nada legal passar por isso e é um risco que se assume a partir do momento em que todas as suas posses digitais importantes encontram-se centralizadas, salvas no mesmo dispositivo.

Antigamente esse era um problema chatíssimo de se resolver. Lembro quando comprei meu primeiro notebook e precisava passar os arquivos do computador antigo para ele, e não estava afim de pagar um técnico para fazer isso, visto que pagaria muito caro por algo relativamente simples. A solução? Comprar DVDs, e quantos forem necessários para salvar tudo e o resto é Ctrl+C/Ctrl+V. Há quem use pendrives ou HD externo para realizar a mesma tarefa (perceba que eu nem mencionei disquetes ou CDs). Tarefa essa que inclusive tem um nome: Backup. Com um backup você tem essencialmente um “save point” dos seus dados em caso de qualquer casualidade, algo que a maioria das pessoas conhecem mas não dão a devida importância.

Mas mesmo backups físicos estão longe de serem a solução perfeita: eles precisam de cuidados no mundo real, o que os deixam sob risco igual ou até maior que qualquer um dos celulares e computadores; um disco DVD pode riscar e não funcionar mais, um pendrive pode ser perdido, um HD externo pode cair de certa altura e quebrar, fora outras situações mais extremas, como um roubo ou incêndio por exemplo — jamais conte apenas com o “é só tomar cuidado”. Existem outros conceitos que empregam backups de backups e tolerância a falhas físicas nos dispositivos, mas são mais utilizados em servidores e meios empresariais e que demandam mão de obra especializada. Um desses conceitos, porém, já é de igual importância aos usuários comuns de tecnologia: a Redundância.

A redundância de dados nada mais é do que assegurar que os mesmos estejam disponíveis a qualquer momento independente das circunstâncias. No seu trabalho você provavelmente já salvou arquivos na sua máquina, que foram então salvos no servidor, e o servidor inclusive (muito provavelmente) tem todas as informações seguras em outro local também, algo que é feito de tempos em tempos pelos “caras do TI”. É “redundante” porque existem várias cópias da mesma coisa.

Mas e na sua casa? Como cargas d’água fazer algo parecido sem ter um servidor nem o departamento de TI? Fácil, você já tem tudo isso, mas não na sua casa: falo de armazenar na Nuvem.

Você muito provavelmente já ouviu falar de alguns serviços de armazenamento em nuvem existentes por aí: Google Drive, Dropbox, OneDrive, etc. O termo “Nuvem” inclusive não é literal, seus arquivos ficam apenas armazenados em outros servidores — gigantescos e seguros — mantidos por empresas que tem dinheiro pra cuidar disso (e adivinha só? Também utilizam da redundância). O objetivo aqui inclusive não é ensinar, mas conscientizar, apesar de ser extremamente simples implementar no seu computador: geralmente é uma pasta como qualquer outra em que você adiciona arquivos e pastas e elas são automaticamente enviadas ao servidor. É possível também escolher pastas que serão sincronizadas automaticamente. Ah, e também tem para smartphones.

Pastinha do Google Drive visível ali, do meu notebook. Tenho mais de 100GBs de arquivos salvos nele, e baixo no meu computador apenas o que preciso.

Inclusive esse ano troquei de notebook novamente e precisei de uma solução de backup, com um porém: meu notebook antigo seria vendido, então eu teria de deixar meus arquivos salvos em algum lugar até o novo chegar. Sem um HD externo nem pendrive, e com quase 200GB de arquivos para salvar, me restou pesquisar e nisso descobri que a Google oferece planos extremamente acessíveis para armazenamento em quantias relativamente altas (o Google Drive gratuito oferece 15GB, os outros serviços oferecem menos se não me engano, motivo da minha escolha). R$ 10 mensais por 200GB de espaço em nuvem (solução inclusive temporária para salvar TUDO o que eu tinha, não apenas o essencial) caiu como uma luva. O problema foi fazer o upload de tudo (o que pode levar um longo tempo já que depende da internet), mas não é algo que se faz com frequência.

Ter o poder da redundância e da nuvem ao seu lado pode te salvar muitas horas, dias e até meses de trabalhos e memórias que seriam perdidos em uma eventual dor de cabeça, e também salvar muito dinheiro. Suas artes, planilhas, artigos e fotos importantes até que estão seguras no seu computador, mas nada comparado a “lá em cima”. Pesquise as diferenças de cada serviço e o que cada um oferece, e não levará muito tempo até encontrar a alternativa mais adequada às suas necessidades (lembrando que este que vos fala d̶i̶g̶i̶t̶a̶?̶ usa o Google Drive).

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Mateus M.

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